entrou de sopetão
não me chamou a atenção
o lado de lá de seu rosto
olho qual janela cimentada
na parede da face sofrida
me atraiu o lado de cá
sob a sombra da dor
e a máscara do medo
vislumbrei
o rosto bonito
de quem um dia
podia ter sido parecido
com o Rodrigo Santoro
e foi com esse lado que conversei
me falou de tatuagens
"vc já puxou cadeia?"
respondo que não
ele sim
matou um cara que falou dele pelas costas
atirou na boca de seu pai
então você já matou dois?
pergunto curiosa
o pai não,
a irmã empurrou a arma
"mas o outro foi direto pro inferno!"
comprou revista de armas
só pode ter as revistas
a arma não
senão usa
disse volta pra buscar mais
revistas
já ligou duas vezes
na primeira pediu pra separar
na segunda perguntou quanto fica
mês que vem volta
buscar o resto
agradeceu pelo tratamento:
"você não me julgou pelas aparências"
julguei sim
julguei pelo lado Santoro
escondido no meio de tanta dor
pena que quase ninguém vê
senão
ao invés de revistas de armas
talvez ele comprasse revista de flores
ou até livros de amores...
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